sábado, 18 de setembro de 2010

MULHERES DA TERRA - SANDRA EBISAWA: SABATU - WORKSHOP RESPIRAÇÃO CONSCIENTE II

MULHERES DA TERRA - SANDRA EBISAWA: SABATU - WORKSHOP RESPIRAÇÃO CONSCIENTE II: "SABATU - SAÚDE E BEM ESTAR WORKSHOP RESPIRAÇÃO CONSCIENTE II COM ARGILOTERAPIA, RESPIRAÇÃO, CONSCIENCIA CORPORAL - FOGUEIRA SEGUNDO A TR..."

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

MULHERES & DEUSAS: O ABUSO PSICOLÓGICO

MULHERES & DEUSAS: O ABUSO PSICOLÓGICO

sábado, 4 de julho de 2009

Oração de uma Doula




Ao Creador

Não haverá saudações...
Encontros ou despedidas,
Enquanto a alma vagar perdida, nesse imenso oceano de gente.
Não haverá personalidade que conceba o afeto, enquanto não houver o olhar fértil e puro da criança.

Não haverá mais sorrisos,
Enquanto a discórdia sorrateira e irônica, dominar as mentes e deixar escapar pelas bocas seu veneno...
Palavras fugazes não chegam ao coração, e amizade não brotará..

E por mais atraentes que forem os apelos do mundo,
Por mais verdadeiros que os sentidos possam parecer,
O coração estará em luto...Em silencioso e assassino pesar.

E se um presente como esse for cultivado, no solo dos corações,
Um futuro breve e sem destino, posto que o desatino não tem paradeiro, Surgirá no horizonte; e nos corações o amor não vingará.

E no funeral desse amor, que de tão singelo, não se atreveu a lutar...
Todas as almas perdidas estarão em prece, suplicando ao Creador,
Em profunda e humilde metanóia, que tome de volta o livre arbítrio.
Que liberte humanidade dos descaminhos de suas escolhas...

É penosa a senda dos corações exilados da Alma.
Submissos às mentes ambiciosas e míopes.
Incapazes de ceder, recuar ou interagir, essas cabeças metálicas erram.
E acreditando naquilo que fenece, elegem-se soberanas.

Permita que a compassiva luz transforme o encontro em união...
Que as gerações recuperem o elo entre o coração e alma,
Que seus fragmentos atraiam-se até que a Grande Alma seja reconstituída,
E a família humana, assumindo sua verdadeira filiação, prospere sobre a terra.

Com fé,

Uma Creatura.

A índia esquartejada





Venha observar-me.
Vou contar-lhe o que se passa em mim.
Não se preocupe, serei breve...
Só queria dizer que tenho o coração em chamas.

Se você quiser,
posso compartilhá-lho.
É de minha natureza a gratuidade.

Através de sua atenção, fortaleço-me.
Junto os pedaços
que foram sendo amputados
ao longo do tempo.

Resta-me esse coração ígneo,
Quente como o hálito do verão,
Suave como o entardecer.

Tenho os membros esquartejados.
Vivi a desintegração. Abriguei a noite escura.
Atravessei todo o percursso
entre o breu e a luz.

As palavras,
como lágrimas incontroláveis.
Escorrem de mim.

Elas nascem, para morrer no instante seguinte.
Absorvo-as com sofreguidão,
E deixo-as impressas aqui,
como quem as enxuga.

Não pretendendo a poesia,
mas despertando de um sonho,
Preciso escoar.

Busco um continente que me receba.
Onde eu caiba íntegra. Unificada,
Protegida das espadas e facões.
...Um solo fértil para brotar e florescer.

Crear espaço e tempo para que eu possa pertencer,
Manifestar-me de todas as formas...Ser alimento.
Atravesar a fronteira e caminhar inteiramente livre.

A Ira Feminina


"A Ira feminina"




Sinto-me dentro de um caldeirão, sendo cozinhada através dos tempos, com os ingredientes do "pecado original" — a culpa da decadência humana é minha, a força poderosa que amedronta, a que destrói ou fortalece, sou eu. A responsabilidade de resignificar essa história, descobrindo sua essência bem dentro de mim, é minha também. Sou Mulher.

Perceber a "crueldade feminina" diante do sofrimento imposto à mulher através da história de nossa gênese enquanto seres humanos, é tarefa hercúlea. Requer ponderação, busco dentro de mim, os primórdios do meu próprio sofrimento, para entender e dar à luz a verdadeira redenção feminina, que eu tanto necessito para simplesmente ser. Acredito ser esse o grande sofrimento da alma feminina: não conseguir simplesmente ser. Tantas mulheres morreram pela culpa, pelo veredicto que se impôs a elas na história. Mártires e sacrificadas somos nós até hoje...A civilização sempre contradisse o verdadeiro anseio feminino. O anseio de libertação, de continente para a alma feminina.

Para mim este tem sido um exercício de auto-conhecimento, de redenção, um tipo de purgatório. Sentar-me aqui e escrever sobre minha crueldade comigo mesma, não é confortável. Mas me parece fundamental que esse estado seja trazido à consciência, a fim de que eu possa utilizá-lo. É como uma cozinheira que não poderá alquimizar os alimentos sem saber como lidar com o fogo.

O que sinto tudo isso como um parto. Algo dentro de mim está se desenvolvendo, um tipo de consciência que antes não estava aqui. Esse incomodo permanente que até agora não tinha um nome, já está em mim há muito tempo. Tantos erros já foram cometidos, ciclos internos atropelados, gritos velados e mudos ecoam ainda dentro de mim. Meus homens e meus filhos já sofreram demais com esse desvario. E ainda assim, sou eu a responsável. Preciso parir, dar à luz, emergir e libertar a Lilith amaldiçoada de dentro de minhas células.

A primeira crueldade que a culpa gera, é a submissão de minha força natural às leis de dominação, de aperfeiçoamento da natureza (como se isso fosse possível).

Fui eu quem neguei à Adão a doce ilusão de sua supremacia, fui eu quem nos igualou e fui banida, me transformando num demônio. Fui a culpada pela nossa expulsão do paraíso. Como posso ser íntegra e feliz com toda essa carga sobre meus ombros? Esse banimento me remete a Lilith, ela está aqui entre nós, dentro de nós e precisa ser rendida. Precisamos dessa redenção. Estamos banidas de nossa "Terra", de nosso verdadeiro lugar no mundo. Fomos condenadas e até hoje, mesmo com todas as conquistas, continuamos excluídas e amaldiçoadas.

As vezes tenho a impressão de que toda essa "conquista feminina" foi orquestrada pelas forças "poderosas" que determinaram o próprio banimento da mulher. Posso até estar sofrendo de paranóia, o que seria mais do que compreensível, mas o que percebo no processo de emancipação da mulher, é uma aliança entre a mulher e o homem para fortalecer o império contra a alma feminina. Que me perdoem os entendidos, mas creio que posso devanear, já que as informações oficiais podem ser duvidosas. Me causa estranheza que o feminismo tenha surgido ao mesmo tempo em que a industria farmacêutica lança seu mais poderoso produto no mercado: a pílula anticoncepcional. As mulheres passaram a contar com o apoio da ciência para não conceber. Não precisaram mais estar atentas aos seus ciclos naturais se quisessem evitar filhos, seus homens estão eternamente desobrigados da responsabilidade com a fertilização, já que passaram a prescindir até de preservativos, não precisam mais conhecer os ciclos femininos. Um verdadeiro incentivo a negligência masculina ao que é essencialmente feminino, e isso com o apoio do movimento de "libertação da Mulher". Que desatino! Na minha opinião este foi o maior crime contra a alma feminina. Quantas consequências desastrosas não surgiram dessa "conquista"? Ao utilizar a pílula e levantar a bandeira da liberdade sexual, gerações inteiras de mulheres passaram a enviar mensagens a seus cérebros de que não havia necessidade de produzirem determinado hormônio, para 40/50 anos depois, na menopausa, precisarem repor os mesmos hormônios artificialmente. Quanto lucro para essas indústrias! Um planejamento de negócio digno de admiração, não fosse essa a principal arma contra a mulher, representante mais significativa da alma feminina na humanidade.

Nesse momento da história, nós agimos exatamente como Lilith, nos privando da força natural feminina e utilizando essa mesma força contra nós mesmas. Hoje nos vemos distanciadas de nossos ciclos naturais, nos perdemos quando as sensações da energia feminina emergem em nosso corpo. Nos perturbamos com a menstruação, com a menopausa, com nossa potência orgástica. Não sabemos mais como parir ou amamentar sem o apoio da ciência, que passou a ser um selo de qualidade em tudo que nós fazemos e sentimos. Ciência à serviço da industria, que está a serviço da dominação da terra, do território, da alma feminina.

A ira feminina voltou-se contra nossos próprios corpos, desejávamos o sentimento de pertencer e para isso nos aliamos ao patriarcado, reproduzindo seu modelo...seu modus vivendi.

Em nossos corações sabemos que a ira feminina está presente em nossos atos e pensamentos. Sempre que nos sentimos culpadas por não conseguir estar com nossos filhos, por não conseguir entregar um trabalho no prazo ou mesmo por não corresponder aos desejos "sexuais" de nossos parceiro, estamos experimentando a ira feminina atuando em nós. Ela se manifesta através de nossas frustrações pessoais, profissionais e sociais. Ela se manifesta nos cânceres de mamas, de ovários, de útero. A ira feminina se expressa também através dos maremotos, terremotos e dilúvios, numa desesperada tentativa da Terra para proteger-se. Tantas são suas manifestações e tão grande o seu poder.

Procurando uma explicação satisfatória para o fato da mulher atual estar infartando tanto quanto os homens, encontrei o seguinte ao pesquisar a palavra infarto, num "Aurélio" da vida:

Infarto: área de necrose conseqüente à baixa de teor de oxigênio; enfarte. Enfarte: ato ou efeito de enfartar, fartação; empanzinamento.
Isso me sugeriu a asfixia que a alma feminina experimenta atualmente. Com seu corpo pedindo socorro! Precisando ardentemente ser regido por sua própria natureza! Uma analogia à Mãe Terra e suas terríveis manifestações em resposta à negligência a seus ciclos e suas necessidades.

Um dia desses uma criança me perguntou como Adão pode ter sido a primeira criatura se não existia a mãe dele. Como ele poderia ter nascido? Foi aí que, tentando lhe responder, me lembrei de uma conversa que tive com uma amiga, chegamos a conclusão que o homem foi feito do pó, do barro, da terra, símbolo do feminino, onde Deus (céu, masculino) soprou e criou a existência humana. Do alto de seus 9 anos, ela fez uma carinha iluminada e disse: Agora sim, eu entendi mais ou menos. Pois acho que eu também estou começando a entender mais ou menos.

Porém, uma coisa eu já começo a entender com clareza: é vital que nossa essência seja resgatada e que a partilha entre as mulheres seja estimulada, se quisermos ter uma representação autêntica da Alma feminina em nosso mundo. Só assim nossos filhos não serão mais "roubados" para se tornarem os prisioneiros, guardiões do portal invisível que nos separa de nós mesmas e nos mantém banidas.

Publicado nos sites: Dominio Feminino, Portal Mulher e outros

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Orgasmo divino

Publicada em: 25/06/2003 às 15:54
Diga aí

Orgasmo divino
Sandra Moreira Ebisawa*

Todo o processo da gestação chega a termo quando o trabalho de parto inicia. Até hoje me surpreendo com o comportamento frenético de alguns casais quando tem início o trabalho de parto. Afinal, foram nove meses de espera e preparação para esse evento.

É claro que a emoção é grande, diria até que existe uma certa euforia, porém, sinto que o trabalho de parto seria melhor comparado com um encontro íntimo com alguém que você espera há muito tempo. Sabe aquele momento que antecede o encontro amoroso muito esperado? Pois é...quando chega o momento dos beijos e das carícias, não há o que pensar, nem o que temer.

A respiração toma conta do corpo e a gente entra num estado alterado de consciência. Vivemos fisicamente a possibilidade de sermos toda instinto e intuição. Sinto que esse estado de consciência acontece também durante o trabalho de parto.

A resistência causa tanta dor como no coito, porém, se nos entregarmos, o desejo de parir se coloca acima de tudo, assim como o desejo de ter orgasmo. No parto, o grande prazer está no momento em que algo vivo, quente e pulsante sai de dentro da gente, enquanto que numa relação sexual, o orgasmo acontece quando realizamos a mesma sensação de um ser vivo quente e pulsante entrando em nós.

De uma forma ou de outra, o desejo essencial é o de se tornar um com esse ser. Pode parecer um tanto anti-religioso, mas sempre senti o parto como um coito invertido com o divino... foi a sensação mais próxima que tive da verticalidade da consciência humana diante desse universo silencioso e real.

* Sandra Moreira Ebisawa é presidente da ONG MariaMaria, criada em 2000. O principal objetivo da instituição é a realização de projetos que contribuam para o resgate e o cultivo da Essência Feminina e para a valorização e o fortalecimento da mulher.