sábado, 4 de julho de 2009

A índia esquartejada





Venha observar-me.
Vou contar-lhe o que se passa em mim.
Não se preocupe, serei breve...
Só queria dizer que tenho o coração em chamas.

Se você quiser,
posso compartilhá-lho.
É de minha natureza a gratuidade.

Através de sua atenção, fortaleço-me.
Junto os pedaços
que foram sendo amputados
ao longo do tempo.

Resta-me esse coração ígneo,
Quente como o hálito do verão,
Suave como o entardecer.

Tenho os membros esquartejados.
Vivi a desintegração. Abriguei a noite escura.
Atravessei todo o percursso
entre o breu e a luz.

As palavras,
como lágrimas incontroláveis.
Escorrem de mim.

Elas nascem, para morrer no instante seguinte.
Absorvo-as com sofreguidão,
E deixo-as impressas aqui,
como quem as enxuga.

Não pretendendo a poesia,
mas despertando de um sonho,
Preciso escoar.

Busco um continente que me receba.
Onde eu caiba íntegra. Unificada,
Protegida das espadas e facões.
...Um solo fértil para brotar e florescer.

Crear espaço e tempo para que eu possa pertencer,
Manifestar-me de todas as formas...Ser alimento.
Atravesar a fronteira e caminhar inteiramente livre.

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Que bom receber notícias, mesmo que virtuais que a Maria Doula está tendo popularidade e espero que sej entre as doulas.
Se não for, eu agradeço mesmo assim, sua participação é essencial para fortalecer essa TEIA DA VIDA.
Sinceramente,
Maria Doula

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